Nomes: Mênade, Lilith, Kali, Isis, Gaia.
Mênade
Na mitologia grega, as Ménades, ou Mênades, (de mainomai, ”enfurecido”), também conhecidas como bacantes, tíades ou bassáridas, eram mulheres seguidoras e adoradoras do culto de Dioniso (ou Baco). Eram conhecidas como selvagens e endoidecidas, de quem não se conseguia um raciocínio claro.
Durante o culto, dançavam de uma maneira muito livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza. Os mistérios que envolviam o deus, provocavam nelas um estado de êxtase absoluto, entregando-se a desmedida violência, derramamento de sangue, sexo, embriaguês e autoflagelação.
Normalmente são representadas nuas ou vestidas só com peles de veado, com grinaldas de hera e empunhando um tirso (bastão envolto em ramos de videira).
Na obra intitulada Dionísiacas são citadas dezoito ménades:
Dionísio: O Senhor da Dança
É inquestionável, os relatos e a grande multiplicidade de fontes confirmam que em varias regiões do mundo grego e posteriormente no mundo romanos, as orgias (por favor, não leiam isto com o sentido atual) Dionisíacas ocorriam com regularidade bienal, como o ciclo do deus. As orgias não eram associadas como hoje à diversão, mas sim como participar de um rito religioso, ou ter uma experiência religiosa ou ainda a comunhão com o Deus. Os festivais das Tíades, também chamadas de Bacantes ou Mênades, segundo Diodoro, ocorriam em várias partes da Grécia a cada dois anos. E era permitido que mulheres solteiras empunhassem o Tirso e compartilhar o êxtase com as mais velhas, o que retira o cunho sexual do evento. Estes festivais aconteciam em Tebas, Opus, Melos, Pérgamo, Priene e Rodes, além de atestadas por relatos de Pausânidas em Aléia na Arcádia, por Aeliano em Mitilene, e por Firmicus Maternus em Creta.
Com tal recorrência de relatos fica difícil acreditar que não passavam de lendas, como muitos afirmaram. Diodoro as descrevia como uma dança feminina que ocorria no alto das montanhas durante o inverno, o que é confirmado por Plutarco, que relata ocorrências no monte Parnaso em Delfos, alem de outros lugares “a sacerdotisa de Dionísio em Mileto ainda conduzia as mulheres à montanha em tempos helenísticos tardios”.
O festival das Tíades acontecia à noite, no meio do inverno e envolvia riscos e desconfortos. Pausânidas afirma que em Delfos as mulheres subiam até o pico do Parnaso (2.500 metros de altura) para dançar. Plutarco descreve uma ocasião, aparentemente durante a sua vida, que elas foram interceptadas por uma tempestade de neve, sendo preciso que grupos de resgate as socorressem. Quando retornaram suas roupas estavam congeladas.
Mas o que faziam estas mulheres no meio do inverno, dançando seminuas em meio à neve? Muitos outros povos dançavam pelas colheitas, na magia simpática, mas danças pela colheita farta ocorriam todos os anos, e não no ciclo bienal das orgias báquicas. E as danças por uma colheita farta ocorriam na primavera, tempo de plantar ou no outono tempo de colher, nunca no inverno. E também aconteciam nas planícies agricultáveis, junto aos campos de trigo ou cevada e não no território selvagem do alto das montanhas.
Os escritores gregos tardios acreditavam que estas danças eram comemorativas: elas dançam no Parnaso, segundo Diodoro, para “imitar as Mênades”, que, pelo que se afirma, estavam ligadas aos deuses do passado. Mas como pensar no passado se os ritos mantinham sua repetição bienal e as mulheres da sua época continuavam a atingir ao êxtase se tornando realmente o que suas antecessoras, ainda que por horas ou dias, foram: Mulheres selvagens que desgrenhavam os cabelos, rasgavam suas roupas e comiam carne crua e sangrenta de um animal que representava o seu Deus. Como podemos considerar estas mulheres como repetidoras de um ato anterior (a repetição constante é a essência do ritual) se elas realmente se tornavam enlouquecidas por Dionísio?
Segundo Aldous Huxley, em muitas sociedades “as danças rituais fornecem uma experiência religiosa que parece muito mais satisfatória e convincente que qualquer outra”. É com os músculos que eles mais facilmente obtêm o conhecimento do divino. Huxley pensa que o Cristianismo cometeu um erro secularizando completamente a dança. Segundo um sábio maometano: “aquele que conhece o poder da dança, habita Deus”.
Mas o poder da dança é um poder perigoso, como outras formas de auto-entrega, é mais fácil começar a dançar do que parar.
Sob outras formas a loucura da dança e do êxtase religioso invadiu a Europa no final da Idade Média e permaneceu em surtos periódicos até os finais do século XVII. As pessoas dançavam até cair inconscientes, sendo pisoteadas por seus companheiros. E a coisa se tornava infecciosa, como observa Penteu nas bacantes, A loucura se espalha como fogo.
Uma curiosidade que diz respeito aos nossos índios, nos séculos XIV e XV, uma seita de Búlgaros, os bogomilos, que na França se transformaram em cátaros, varriam a Europa ocidental dançando nus com guirlanda de folhas e flores na cabeça, para mostrar a simplicidade e a alegria dos seguidores de Cristo. Estes ficaram conhecidos por búlgaros e quando da chegada de Cabral no Brasil, nossos índios foram avistados dançando nus com cocares e guirlandas na cabeça, sendo confundidos com búlgaros e por erro de ortografia ou mudanças na palavra, transformou Búlgaros em Bugres, nome que os índios ainda são chamados várias regiões do Brasil.
A loucura da dança tomava as pessoas sem um consentimento formal da parte consciente da mente, agindo diretamente no inconsciente. Em Liege, na França em 1374 conta-se que depois da chegada de um grupo de pessoas seminuas, dançando tomadas por São João, praticamente levou à loucura a cidade inteira, pois muitas outras se juntaram a elas, como as mulheres tebanas na peça de Euripedes, mesmo as mulheres mais jovens, cortavam os laços com a família e os amigos e seguiam os dançarinos.
Na Itália no Século VXII, velhos com mais de noventa anos, jogavam fora suas muletas e entravam no ritmo da tarantela, como se estivessem sob o efeito de poções mágicas restauradoras da juventude. Como na Grécia, Dionísio não impunha limite de idade para os seus seguidores. E a loucura da dança na Europa ocidental, às vezes esmorecia, mas com aproximação das festas de S.João ou São Vito ganhavam novamente força.
Na Grécia antiga os cultos organizados e bienais canalizavam esta histeria para o trabalho com o Deus do êxtase, mantendo-a dentro de um limite. Já na Europa ocidental, e no cristianismo, não existiam estes limites, e a cada epidemia de Dionísio ela se tornava incontrolável.
Dionísio está presente tanto em São João, quanto em São Vito. Ele é tanto a causa como a cura da loucura. Devemos perceber isto se buscamos entender o fenômeno. Resistir a Dionísio é reprimir o que há de mais forte na nossa natureza e o castigo por esta repressão é o rompimento de todas as barreiras internas. Quando estas barreiras internas se rompem, a civilização desaparece e retornamos ao estado selvagem.
O estagio selvagem obtido pelo êxtase dionisíaco não deve ser confundido com licantropia ou teriontropia, onde o homem acredita que se transformou num lobo ou uma fera. O selvagem dionisíaco é a volta a Idade do Ouro, período mítico anterior à agricultura e à civilização. É o humano em seu estado mais puro. Retomamos o período dos caçadores e recoletores, quando o humano obtinha o seu alimento diretamente da Terra – a Grande Mãe – e é exatamente por este motivo que as orgias dionisíacas se parecem tanto com as festas e festivais da Cibele Frigia ou da Rea Cretense, ambas a mesma divindade (mãe dos olímpicos e a avó que criou e protegeu Dionísio da fúria de Hera).
Estes rituais a Rea/Cibele ainda existem e são realizados nas sociedades ditas primitivas em várias partes do planeta. Estes rituais, que podem ser confundidos com concertos de hard rock, são caracterizados pelos mesmos movimentos de cabeça que as orgias de Rea/Cibele ou de Dionísio. Os movimentos repetitivos de jogar a cabeça e os cabelos para trás e para frente é ressaltado nas Bacantes “Jogando seu longo cabelo para os céus” , “eu pararei de puxar seu cabelo para trás”; “Lançando minha cabeça pra frente ou para trás como em um bacanal”. Algo muito semelhante à descrição de Cassandra tomada por Apolo: “Ela sacode seus cachos dourados quando do deus sopra o vento imponente de uma segunda visão (a profética)”. Encontramos esta mesma descrição em Aristófanes, na Lisístrata, e é constante em vários outros escritores. As Mênades sacodem suas cabeças em Catulo, Ovídio e Tácito.
Vemos este ato de lançar a cabeça pra trás e levantar a cabeça em antigas obras de arte, mas o gesto não é uma simples manifestação poética e artística greco-romana. Em três trechos modernos a seguir, E. R. Dodds examina este gesto: “o contínuo modo abrupto de lançar a cabeça para trás, fazendo longo cabelo negro retorcer, acrescentava muito à sua aparência selvagem”. “Seu longo cabelo foi sacudido pelos rápidos movimentos da cabeça pra frente e para trás”. “A cabeça era sacudida de um lado para o outro ou lançada bem para trás, acima da garganta inchada e protuberante”. A primeira frase é de um relato missionário sobre uma dança canibal na Columbia Britânica. A Segunda descreve uma dança sagrada de devoradores de Bode no Marrocos. A terceira é uma descrição clínica de histeria possessiva feita por um medico Francês.
A descrição completa do ataque das Mênades aos vilarejos Tebanos (Bacantes, 748-764) nos mostra um comportamento que podemos observar em outros grupos modernos. Quando tomados pela divindade os membros saqueiam os vilarejos vizinhos, levando inclusive crianças, tal qual a lenda das Mênades, ladras de crianças, que aparecem nas Bacantes, em Nono de Panópolis e vasos e arte grega.
Outro elemento primitivo é a manipulação de cobras. Eurípides não compreendia o gesto, apesar de saber que Dionísio podia aparecer como serpente. Acreditamos, portanto, que a serpente era a representação do Deus, assim como o bode, o touro, o tigre, o leopardo, o leão e todos os outros animais que Zagreus – o primeiro Dionísio – se metamorfoseou na ingrata tentativa de se livrar da morte, quando foi desmembrado e comido pelos Titãs e é esta outra particularidade da frenética dança das Bacantes: a morte e o desmembramento de animais, crianças e humanos adultos nos rituais dionisíacos.
Conta-nos Estrabão que um dos rituais dionisíacos no período romano era a troca do telhado do templo de Dionísio, onde suas devotas carregando grandes feixes de feno, circulavam enlouquecidas em torno do templo, até que uma caísse. E quando isto ocorria, ela era imediatamente morta e desmembrada pelas demais, que em seguida comiam sua carne ainda pulsante.
Alguns historiadores gregos tardios explicavam a dança como explicariam a comunhão cristã: um mero rito de comemoração em memória do dia que Dionísio foi desmembrado. Porém na prática, parece que nada mais é do que uma antiga lógica selvagem: Se queremos ter um coração de leão devemos comer um leão, se buscamos ser fortes como um touro, devemos comer touros, assim como o risco de ficarmos covardes se comermos só coelhos ou galinhas. Portanto se aspiramos a divindade devemos comer o Deus como fazem ainda hoje os cristãos, que a cada missa relembram a morte do Cristo e através da transubstanciação, transformam a Hóstia na carne e o vinho no sangue de Jesus Cristo.
Na dança das bacantes o animal sacrificado tem uma identidade com Dionísio, e se as bacantes aspiram a divindade e a imortalidade devem comê-lo rapidamente, antes que o sangue, o veiculo da vida, se esvaia da carne. Afinal os deuses não estão o tempo inteiro disponíveis para serem devorados, e ainda assim seria perigoso comer um deus a qualquer hora e sem o devido preparo para receber este sacramento. Por isto esta licença acontecia nos festivais bienais. Dionísio se dava aos seus fiéis a cada dois anos, no alto da montanha, firmando com aquelas que dançam um pacto que é também selado na iniciação de seus mistérios. O deus garante uma nova vida após a morte, pois Dionísio é um deus que morre e renasce e que portanto conhece os caminhos do Hades e guia seus devotos pelos caminhos tortuosos da volta do Hades. Caminhos estes que não estão abertos a quem não seja seu devoto.
(Baseado no artigo Menadismo de E.R. Dodds)
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maryann é qual delas?
ResponderExcluirna série eu não lembro se dizem qual é
ResponderExcluirmas parece que a Maryann era um pouco de cada rsrsrs
parece que maryann era a primeira, egle, q representa o esplendor
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